sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dois Perdidos numa noite suja

Parte II

Levantamos então, eu e Betão. Percebi que o Pedro havia sumido com a minha Deusa de ébano, percebi também que o resto das pessoas que ainda não tinham ido embora também já estavam saindo. Andei em direção ao Lobo e dei a ele o que achava que seria minha parte na conta.

-Iai man, vai pra onde agora?

-vou pra casa, tô cansado

-Mas, é um pau no cu mermo

-Ah! Vai se foder João

Enquanto via as pessoas entrando em seus carros, imaginava como seria o fim de noite daquela gente. Provavelmente iriam pra suas casas confortáveis, talvez parar em algum fest-food ou loja de conveniência pra comer alguma coisa antes de dormirem tranquilamente em seus condomínios fechados, gradeados, cercados do mundo. Cercado da cidade e de tudo que ela tem a oferecer, se é que ela tem algo a oferecer. Talvez fosse melhor ser como essa gente, que toma doses homeopáticas de mundo, ou como o Pedro em sua reclusão monastérica. Não! Eu prefiro viver o que está aqui, e irei consumir até a última gota do que a vida me entrega. Mas, onde consumir?

-Então Johnny, qual nosso rumo? A gente podia pelo menos ter pegado uma carona

-Vamo comprar duas garrafas de São Jorge, e a gente vai destilando até achar um lugar que preste, beleza?

Prontamente o Betão aceitou a proposta, a final de contas se não aceitasse não seria o Betão. Então, saímos de lá com nossas garrafas de plástico. A madrugada ia ficando cada vez mais fria enquanto andávamos pelo centro histórico. Alguns bares pra turistas, alguns outros com um tocador de violão cantando Jorge Vercillo. Não, obrigado. Nesse momento o vento já passava rasgando e controlar o queixo já não era algo muito fácil. Passamos por alguns lugares em que discordávamos sobre a nossa permanência. Num deles, resolvemos comprar uma garrafa de conhaque e continuar andando, já que o nosso querido matador de dragão já havia se desfalecido. Por mais que a temperatura estive muito desconfortante, ainda sim eu gostava de andar com a mão dentro da jaqueta com os ombros envergados. Nessas horas um cigarro ajuda a esquentar e meu sempre companheiro Lucky Strike, difícil era acender com toda aquela ventania, seria mais difícil se não fosse o Zippo, “isqueiro que nunca apaga”. Não é bem assim, mas ainda assim um “ótimo isqueiro”. Continuávamos a andar, as vezes parávamos em algum meio fio e sentávamos um pouco pra descansar, mas não tardava muito até que o frio nos forçasse a levantar. O conhaque também ajudava a esquentar, então bebíamos com tal voracidade que ele foi se exaurindo mais rápido do que podíamos perceber, e eu me preocupava com o Betão que apesar de seus antecedentes aparentava muita sobriedade.

-Vá como calma ai negão, não quero ter que procurar um posto médico pra te levar

-Pra cima de mim Johhny boy? Ainda tô querendo começar, parece que tem alguma coisa aberta ali, vamo lá vê.

Na verdade era eu que estava sob o efeito do que havia bebido, mas não tava preocupado com isso. No momento eu percebi que após nossas andanças, já havíamos se distanciado de qualquer lugar e estávamos numa rua literalmente deserta. A única coisa que via era essa luz que o Roberto tinha enxergado. Foi então que eu comecei a pensar sobre que porra eu estava fazendo. Sempre sou assim, acho que posso fazer as coisas, mas na verdade tava piscando de medo. Antes de chegar na luz, passamos por alguns mendigos no chão, alguns usuários de crack fumavam suas pedras não muito distante dali. O Betão percebendo meu medo, resolveu agir e bradou pra um homem que nos olhava de longe

-Tá olhando o que? Achou bonito?!

Ele nunca tivera medo de nada, era conhecido por topar qualquer coisa, não ligava pra nada, faziam alguns trampos quando a grana apertava. As vezes eu queria ser como ele, viver no extremo sem ligar muito pras conseqüências. Se bem que pra ele não era muito difícil, a sua aparência assusta quem não o conhece, quase dois metros de altura, encorpado, cabelos e barbas grandes e desgrenhados. Bastava um olhar feio pra resolver muitas coisas, e uma gargalhada pra resolver tantas outras. Imagino que pelo seu estereotipo, as pessoas pensassem que ele fosse um cara mal-humorado, e ao descobrirem que ele é um palhaço logo se encantam, deve ser por isso que vive no centro das coisas.

Enfim chegamos a luz, e para o nosso espanto não se tratava de um bar, e sim de uma loja de artigos para despacho. Minha surpresa foi grande, mas pude me conter, ao contrario do Betão que ao perceber nosso engano soltou uma de suas estridentes gargalhadas enquanto berrava

-Porra é essa?! Ebó vinte quatro horas? Será que rola um disk-macumba?

Eu tentava disfarçar o riso enquanto tentava empurra-lo, mas quanto mais eu tentasse mais alto ele ria e apontava em direção ao local, no qual as pessoas que ali estavam nos encaravam com cara de muito poucos amigos. Eis que de repente a gargalhada cessou e o seu olhar passou a se assemelhar a de um míope sem óculos. Então ele me abraça com um dos braços e com o outro aponta pro lado de dentro da macumba store. Olho pra cara dele e imito olhar de míope, logo depois o encaro de novo e começo a rir. O que nós não tínhamos pensado ainda era o que todo ebó que se preze deve ter, cachaça! O que tínhamos visto era uma prateleira de 51s. Ao nos aproximarmos da loja, as pessoas que estava na porta fecharam a cara mais ainda, nesse momento temi pelo que podia acontecer, então puxei Betão pelo braço, levei-o a uma certa distancia e o convenci de que eu iria comprar sozinho. E realmente foi o mais acertado a se fazer. Sem pronunciar uma palavra me deram a cachaça, e eu da mesma forma entreguei o dinheiro, e enfim pudemos sair daquela rua.

Já não fazia mais tanto frio quando saímos de lá, ainda sem saber o que fazer, sentamos no chão e começamos a fazer nossa oferenda a nós mesmos. Nessa hora nem sabíamos mais onde nós estávamos. Só sei que estávamos jogados, limpando o chão com nossas roupas, agarrados com uma garrafa de 51 já no fim, não muito diferente de outros mendigos. Puxei a carteira de cigarros do bolso, mas pra minha surpresa estava vazia, pedi ao Betão que também se deu conta de que já não tinha mais. Foi então que resolvemos levantar novamente. Dessa vez não tinha como negar, mal conseguíamos ficar de pé, andávamos nos escorando um no outro. Mas antes que eu fizesse qualquer coisa, eu precisava mijar, portanto passei a me escorar sozinho nas paredes até chegar num beco escuro. Ao chegar lá, comecei ouvir barulhos muito estranhos, de começo não liguei, mas foi ficando mais alto e eu começava a distinguir o que as vozes falavam. Era um casal de mendigos trepando. Enquanto mijava estiquei o pescoço pro lado onde havia uma ruela e consegui ver o que estava acontecendo. Um homem e uma mulher realmente sujos se amassavam e se esfregavam. Não consegui olha pra aquela cena por muito tempo. Enguiei, quase vomitei, mas devo confessar que também senti tesão por aquilo. Abotoei a calça, fechei o zíper e voltei pra encontrar o meu companheiro.

Finalmente Betão estava pior que eu, quando o encontrei ele estava dormindo em pé, escorado num poste. Tratei de acordá-lo e voltamos a andar. Não sabia pra onde ia, não sabia que horas eram, mas sabia que precisava de um cigarro urgente. Depois de um tempo caminhando, encontramos um bar daqueles que tem o nome “Brahma” enferrujado na porta. Pra minha surpresa o bar estava cheio, e todas as pessoas pareciam que moravam lá. Alguns velhos, outros muitos velhos, algumas mulheres feias dançavam enquanto os bêbados se roçavam nelas. Betão sentou numa cadeira, apoiou a cabeça na mesa e apagou. Eu estava tão bêbado quanto ele, mas não estava com sono. Eis que o dono do bar vem até nossa direção

-Ei Ei! Só pode ficar se for consumir. Se não, pode ir saindo

-Calma ai campeão, primeiramente me traga um maço de cigarro, Lucky Strike

-Luqui o quê? Cigarro só tem Rei V

Nem sabia da existência desse cigarro

-Tá, tá, me trás isso ai e me vê duas doses de pinga

Enquanto o homem trazia o meu pedido, eu brigava pra tirar meu isqueiro do bolso. Assim que ele me entrega o cigarro eu tento acender, mas o isqueiro simplesmente não funciona. Isqueiro de merda. –Me traz um “frosfo” também campeão. E lá foi o velho rindo da minha cara e do meu “ótimo isqueiro”. Me recosto na cadeira, viro uma dose de cachaça enquanto trago meu “ótimo cigarro”. Fico olhando as mulheres do lugar, tão bêbadas ou mais que os homens, todas vulgares se esfregando nos velhotes que nem sabem mais o que é uma ereção. Percebo que uma mulher para o olhar em cima de mim, enquanto se esfrega com algum bebum. E começa a se esfregar mais, e sem tirar o olho de mim. O velho ficou sem entender, mas adorou aquilo, ela pega a mão do velho coloca em sua bunda e começa a esfregar a buceta na perna do velho, de certo era a coisa mais dura que achou. Depois ela vira de costas pro velho e enquanto ele ta se acabando se esfregando ela pisca pra mim. Eu me assusto, e novamente tenho um misto de nojo e tesão, e de repente não acho a mulher tão feia assim, apessar de todas as manchas de sua perna, apesar da gordura pulando da saia apertada que mal cobre a bunda e apesar da mais alguns detalhes que eu não faço questão de lembrar, mulher me despertou muito tesão naquele momento. Vendo a resposta em meu rosto, ela deixa o coroa de lado e senta na minha mesa.

-Oi gatinho, não vai me pagar uma bebida?

-Ô! claro que sim madame, garçom por favor mais duas doses, uma pra mim e uma pra bela senhorita que me acompanha

Então ela coloca a mão sobre minha coxa e da um leve apertão. A bebida chega, eu viro a minha num só gole e peço outra. Ela demora um pouco mais pra terminar a dose dela. Como o dono do bar estava com a garrafa, ele encheu meu copo mais uma vez e como da anterior, acabei com um único gole. Assim que termino e olho pro lado, não penso em mais nada, agarro a mulher e dou-lhe um beijo. Ela por sua vez, não se vez de rogada e enfia a língua em minha boca. Sem demorar muito ela desliza a mão que estava em minha cocha pro meu pau sem o menor pudor, e eu em resposta procuro sua buceta com meu dedo médio. A boca dela tinha um gosto horrível, de nem sei o quê, mas ainda assim eu continuava a beijá-la como se fosse a melhor mulher do mundo. Alguns segundos depois ela se levanta e me puxa pelo braço e me guia em direção ao banheiro. Banheiro imundo, também não podia ser diferente. Sem muita conversa ela abre minha calça e coloca meu pau pra fora e não se espanta ao perceber que ele estava “meia-bomba”. Prontamente ela se abaixa e começa a chupá-lo feito louca, e eu sofro uma espécie de despertar, qualquer sonolência ou lerdeza vão embora, é como se de repente tomasse uma garrafa inteira de café. Entretanto, não menos bêbado, me desequilibro e quase caio. Nesse momento me vem à cabeça a imagem dos mendigos trepando, agora estou eu aqui no ápice do prazer e do nojo. A minha deusa de ébano também vem a cabeça. Será que ela está trepando também? Com certeza, não num banheiro sujo como este. Como será que ela trepa? Como será que geme? Então levanto a senhora que está comigo, a viro de costas, levanto sua saia e rasgo sua calcinha.

-A calcinha era nova, porra!

-Cala boca sua puta!

Impressionantemente acerto o buraco de primeira e começo a penetrar como todo vigor do mundo. Tudo que havia me acontecido eu estava resolvendo agora, tudo não passa disso, socar numa buceta de quem quer que seja. Ela começa a gemer, e começo a meter mais forte, ela começa a gritar, e então começo a meter mais forte ainda, como um animal.

-Cala a boca porra!- Gritam de fora

E ela começa a gritar mais alto ainda. Eu sinto que não vai demorar muito pra eu gozar e então o Sprint final, a mulher grita como se tivesse sendo torturada. Finalmente eu gozo enchendo o lugar de porra. Ela fica agarrada com a parede gemendo baixinho enquanto eu saio do banheiro cambaleando até a mesa em que estava. Sento na cadeira, e assim como o Betão, apago.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Numa noite fria

Longa história. Longa demais pra um único post

Parte I

Há muito tempo eu esqueci o que é sentir frio. Finalmente pude tirar minha jaqueta de couro do armário, justamente no mês em que paguei a ultima prestação. Ao passar pela orla fiquei olhando a revolta do mar que se debatia e se atirava contra a balaustrada. Os coqueiros envergados davam a sensação de iriam desabar a qualquer momento, assim como as sinaleiras e as placas de trânsitos. Gosto de caminhar e sentir a força do vento tentando me arrastar gosto de olhar a praia vazia. Tempo bom, podia ser sempre assim, sem o sol escaldante, sem a insuportável chuva, só o bom e velho vento assustando as pessoas e refrigerando a cidade.


Do alto do elevador Lacerda, sinto o vento bater na minha cara como um cachorro na janela do carro, enquanto espero uns amigos pra mais uma noite de bebedeira e perversão. Mentira! As pessoas vão chegando e se sentando até lotarmos um dos botecos do pelourinho, que já costuma ser deserto durante a noite, fica abandonado nesses dias frios. Lá pras tantas da madrugada já éramos a única luza acesa nas redondezas. Estavam comigo o Pedro, o Betão e o Lobo. Com eles estavam mais várias pessoas, amigos dos amigos e amigos dos amigos dos amigos. O Lobo era aquele cara popular, a maioria das pessoas estavam lá por causa dele, achavam-no o máximo e o tinham como o arquétipo do boêmio, mas na verdade ele não passava de um playboy que ainda morava com os pais e que sempre que as coisas fugiam um pouco do controle, corria do pau. Mas, ainda assim eu também gostava da sua companhia. Pedro era uma figura bastante excêntrica. Mais reservado do que eu, gostava de beber sozinho e de ficar em casa, só saia conosco por muita insistência. Já o Betão,esse sim. Esse era dos meus, a perfeita imagem do libertino, porém como todo porraloca que se preze quase sempre ele exagerava passava da conta. No bar, enquanto as pessoas conversam alto, todas querendo ser ouvidas, eu preferia me manter reservado daquele grupo de pessoas. Não eram meu mundo.


Enquanto isso o Betão já era o centro das atenções, todos aqueles burgueses amigos do Lobo ficaram encantados. Eu via aquela cena como pessoas assistindo a um chimpanzé na jaula. Preferi ficar com o Pedro no lado de fora do Bar. Enquanto fumávamos um cigarro ele me contava do seu livro de Poesias que tentava publicar. Eu já tinha lido alguns escritos, era de fato um ótimo poeta, mas ninguém se dava conta disso.


Enquanto estávamos lá fora, eu continuava a analisar o que acontecia dentro. O dono do bar que também era o garçom servia as pessoas com cara de poucos amigos. Imagino que deveria estar feliz por ser o único comerciante a ganhar dinheiro naquela noite, mas ele visivelmente não queria estar ali. Ao desfilar meu olhar novamente reparei algo que prendeu minha atenção: Uma negra linda, com um sorriso digno de propaganda de creme dental. Tinha seios fartos que eram empurrados pra cima por um decote generoso. Fiquei hipnotizado por um tempo, quando voltei em mim, reparei que nossos olhares se cruzaram, de inicio fugi, imaginei que ela estava me achando um tarado. Na verdade eu era, enquanto me perdia na imagem daqueles lindos seios, fantasiava mil perversões. Já meio sem graça continuei a disparar olhares bem mais contidos, e com o canto do olho percebi que sua expressão não era de reprovação, pelo contrario, ela me entorpecia com sorrisos. Continuei nesse flerte a distancia por certo tempo, por muito tempo, não tinha coragem o suficiente, e enquanto esperava o álcool fazer o seu papel de desinibidor continuava o papo com o Pedro.


-Quanto tempo você não vê a luz do sol?

-Não sei ao certo, porque essa pergunta, João?

-Man, você ta de uma palidez hospitalar. E essas olheiras, você não dorme?

-Que nada bicho, você sabe como são as coisas, prefiro ficar em casa, tenho trabalhado muito

-Trabalhado muito o caralho, você escreve uns textinhos de merda, praquelas revistas de merda

-Se fuder, tô terminando meu ultimo romance

-Puta que o pariu, mais um? Faz o seguinte me bota como seu herdeiro, quando você morrer vou ficar rico com seus royalties. Invento uma historia sobre sua morte, ai todos vão querer lê seus livros

-Muito confortante


Ao desenrolar da nossa conversa, Pedro levantou da cadeira e caminhou em direção a rua, ao mesmo tempo, a mulher com a qual eu flertava também levantou. Ela olhava em minha direção, estava com o vestido daqueles vão ate o chão. Ao ajeitar a cadeira por um momento ficou de costas pra mim e pude perceber que tinha um quadril digno de uma boa parideira. O pano fino do vestido delineou parte do seu corpo e eu já a imaginava nua.


Ela se vira, vem em minha direção, o seu sorriso vai ficando cada vez mais safado aumentando o meu tesão, enquanto ela desfila até mim eu levanto da cadeira com cara de bobo, olhando aquele quadril dançarino vindo até mim. Logo me aprumo, arrumo a postura, faço cara de galanteador, e ai ela passa por mim como se não me enxergasse. Primeiramente torço pra que ninguém tenha reparado, disfarço, volto pra cadeira e olho prá trás. E ela tá lá conversando com o Pedro, que não se mostrava nem um pouco surpreendido. E eu aqui achando que ia conseguir algo, o máximo que eu consigo é apreciar as suas costas enquanto se derrete pro meu amigo. É isso, vou ficar trancado em casa até parecer um moribundo pra vê se assim eu consigo uma mulher dessas.


Agora eu estou aqui, afogado em minhas frustrações, e mergulhando cada vez mais na cerveja. Vejo que na mesa em que estão as pessoas, existem muitas mulheres desacompanhadas, mas não me interessam, já estava fascinado pela aquela mulata. As horas vão passando, e assim como eu, o Betão parece decepcionado e vem ate mim:


-Você vai ficar ainda o resto da noite sentado ai sozinho com essa cara de cu?

-Eu? E quanto a você, senhor preciso de atenção?

-É o que? – Disse ele, num misto de espanto e dúvida

-Você não tava rodeado por todo mundo? Achei que ia sair com o Lobo e o resto da playboyzada

-Não – Um tom cabisbaixo- A criatura que eu achava que tava me dando mole, não queria nada
Soltei uma gargalhada daquelas em que você não se preocupa se está sendo ridículo rindo sozinho, enquanto comparava a desgraça alheia com a minha num ritual homeostásico.

-Pois bem- Falava enquanto me levantava da cadeira e puxava a carteira do bolso de trás- Tá na hora da noite começar

-Começar? Jã são 3 da manha?

-Até tu Betão? – Respondi com um espanto de descrença


E então outra gargalhada em alto e bom som, dessa vez começada pelo Betão e compartilhada por mim, como quem já entendeu tudo e não precisa mais de palavras.

To be continued

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Vinte e Sete

Eu insisto, mas o mundo me impede
Desse jeito não morro aos 27
Não que eu pense em desistir
Tampouco em me acomodar
Mas desse jeito eu sei que não vai da
Aos vinte e poucos e já
O Basquiat
O Cobain
A Janis e tudo mais
Já existiam como tais
E eu to ficando velho
Já vi que não da mais

Eu insisto, mas o mundo me impede
Desse jeito, não morro aos 27

Eu preciso aparecer
Já me cansei de crescer
Tenho q fazer algo de verdade
Que fique pra posteridade
Mas minha vidinha de merda insiste em me atrasar
Não sei se tem jeito vivendo no terceiro mundo
Ter que trabalhar e estudar
Mal tenho tempo pra respirar
Nem dormindo tenho tempo pra sonhar
Que porra posso fazer? Já vi q não vai da

Mas não vou me entristecer
Não posso parar
Eu vou encher a cara até aonde eu aguentar
Não vou mais dormir
Não vou descansar
Vou passar a minha vida numa mesa de bar
Só vou viver pra escrever e pra tocar
Já ta ficando tarde
Eu já tenho vinte e poucos
Espero conseguir viver ate aparecer
E se não der certo espero não me arrepender
Espero não me arrepender