quinta-feira, 29 de julho de 2010

Não adianta...

...Não dou certo pra nada mesmo

As vezes me pego pensando como ta tudo errado no mundo, logo depois suponho que é mais fácil eu estar errado. Enfim, independente do referencial tudo me parece de cabeça pra baixo. Não que eu queira que a empresa em que trabalho ganhe mais dinheiro e se desenvolva, pra mim tanto faz, só o que aumenta é o lucro dos donos, contratos a mais ou a menos não vão aumentar meu salário. Entretanto, não deixo de sentir repúdio por meus chefes serem completos idiotas. É tudo um grande jogo, não importa se você é mais competente, ou inteligente. Parece que tudo no mundo funciona da seguinte maneira: panelinhas e políticas. Pode reparar que quem está sempre à frente de qualquer grupo é amigo do chefe maior. Em qualquer organização funciona dessa forma. Por outro lado, outras pessoas apelam pra “politicagens”, que incluem bajulações e auto-propaganda. É um absurdo! As pessoas não precisam ser competentes, só precisam parecer competentes, ou pior, só precisam conhecer as pessoas certas. E eu? Eu não conheço ninguém, não sou simpático, nem fico gritando aos quatro quantos como sou inteligente. Pois é, sou um fudido mermo. Tenho que obedecer cegamente um imbecil que se acha a pessoa mais inteligente do mundo (talvez eu também seja um imbecil que pensa ser a pessoa mais inteligente do mundo, porém....eu sou sim). Digo cegamente porque não adianta contrariar, ou tentar provar o contrário, essas pessoas não pensam e não vão deixar você mostrar que está certo.

Pra agüentar isso só um café. E por sinal, que café horrível. No começo eu só bebia pra me ajudar a ficar acordado, agora sou dependente. Fumo a mais de dez anos e não sou viciado, fico tranquilamente dias, semanas sem um cigarro. Assim como bebo muito e a bastante tempo, mas consigo passar grandes intervalos de tempo sem me embriagar (aí o problema é o tédio), além de já tem consumido variados tipos de drogas e não ter me viciado em nenhuma. O meu vicio é fiel, o único que consegue me manter ansioso ao sentir sua falta, o único que eu gosto mesmo estando em dias difíceis com um sabor intragável, não me faz deseja outra coisa senão sentir o seu sabor deslizando sobre a minha língua e me deixando excitado.

Eu realmente sou errado, muito errado. As pessoas no ponto de ônibus não são do meu mundo, bem que eu queria ser um alienígena, talvez um dia a nave mãe volte pra me buscar. Pra mim, as pessoas andam estranhas, se vestem estranhas, um mar de gente igualmente medíocre, que não conseguem reconhecer um grande gênio, nunca conseguem. Por não compreenderem tal genialidade julgam como esquisito. Nada disso...isso é só meu ego querendo me transformar em algo mais do que sou, me colocando num pedestal inexistente. Assim como o Maquiavel na sua carta pro principie. Ele estava entre as ovelhas, mas não queria assumir ser ovelha...Contudo ele realmente ele não era. Era uma mente superior a todo aquele povo, inclusive a realeza.

Realeza, diretoria. Tá tudo errado, eu é que não devia ser ovelha. Se olhares para baixo, querido patrão, em sua enorme humildade e bondade verás que eu não pertenço a esse lugar. Não deu certo com o Maquiavel, não daria pra mim, eu mesmo não dou certo pra nada nesse mundo. Eu e o meu café, meu querido único vicio. Pensando bem, não é meu único vicio. Claro! Como podia esquecer a minha musa? Minha virgem intocável dos amores ultra-românticos, pra se manter musa, tem que se manter intocável, pra eu admirar, escrever poesias e me entristecer por não poder ter-la.

Eu deveria simplesmente chegar em casa e me embebedar ao ponto de acordar nadando no próprio vômito, mas o destino, insiste em me contrariar com aquele barulho terrivelmente irritante de telefone tocando pra me fez ter que ouvir sua voz mais uma vez. Lembranças, projeções, risos, meu peito doendo e a lagrima que insiste em cair do meu rosto e a pergunta fatal

-Porquê não demos certo?

-Ta cansada de saber que não dou certo pra nada, meu bem.

-O que aconteceu com a gente? O que nos separou?

-O amor, querida. O amor nos separou.

Preciso de companhia pra esta noite.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Tédio

Sabe aqueles dias em que voe não sente vontade de fazer nada? Pois é. É assim que tenho me sentido ultimamente. Logo eu, que tanto luto pelo tempo livre pra fazer varias coisas, de repente me pego deitado na cama assistindo Faustão em preto e branco e cheio de fantasmas. É impressionante como, o ócio se torna tédio e faz as pessoas sentiram falta do trabalho. Besteira! O grande problema é que as pessoas se acostumam a perderem seus dias trancados num escritório. Fazendo uma conta rápida, se percebe que o trabalhador médio só tem 3 horas por dia de tempo livre...Isso mesmo, TRÊS horas. Não acredita? Vamos as contas: 8 horas dormindo, 9 horas trabalhando( 1 hora de almoço), 4 horas entre transporte, alimentação, banho e necessidades fisiológicas.

O que uma pessoa pode fazer em três horas? Assistir a novela? Jornal? Depois de viver assim tanto tempo, acabei me acostumando. A única coisa que nos resta é o final de semana, mas ai o que acontece quando não se tem dinheiro, nem carro? Não sei enquanto as outras cidades, mas Salvador aos domingos é completamente deserta, os ônibus são escassos. É como se o mundo impusesse pra você: FIQUE EM CASA E ASSISTA O FAUSTÃO! E cá estou eu praticando a obediência ao meu destino, esperando chegar a segunda feira pra que eu tenha pelo menos a esperança do final de semana.

Como grande parte da população, no fim do mês não sobra quase dinheiro nenhum. Nem pra eu tomar uma cerveja na esquina. O que me restou foi a sobra de uma Natasha que eu tenho que beber pura. Nem um refrigerante, sequer uma polpa de fruta na geladeira. Só água e mais algumas coisas irrelevantes no momento.

Tá bom, na verdade só estou inventando desculpas pra mim mesmo, eu poderia estar fazendo alguma coisa. Ler um dos livros que baixei. Garcia Marques, Goethe, Saramago. Não...sem saco pra ler romances longos ainda mais nesse monitor esverdeado. Quem sabe poesias me animem. Lorca, Baudelaire, Álvares de Azevedo. É preciso estar envolto dês certos sentimentos pra apreciar poesias, hoje não dá. O Faustão já se despediu. Eu deveria ir dormir cedo, mas não quero que chegue a segunda feira então tento me manter acordado. Me debruço na janela, ascendo um cigarro, janelas acesas, ruas vazias, carros barulhentos passam correndo. Pelo menos uma boa brisa passeia pelo meu rosto. Bebo o ultimo gole de Vodca, ela não conseguiu me deixar bêbado, quase efeito nenhum. Volto a olhar a televisão, O fantástico está no final, porra! Como eu odeio acordar com sono, melhor dormir logo e acabar com isso. A cama me afasta com a mesma força que ela me atrai as 6 da manha. Rolo pra um lado, pro outro. Nada adianta, o sono não vem. Ligo o som, faço uma coletânea de musicas pra baixo: David Bowie, Smiths, The Cure, Legião urbana. Sento na cadeira ao lado da cama. Os álbuns vão começando e terminando e eu consigo finalmente me distraí. Fiquei sem vontade de ouvir música o dia todo, e só agora consigo relaxar. Olho no relógio de celular: 02:53. Pois bem, vão ser no máximo 4 horas de sono, é bom aparecer logo Morpheu, se não quebro esses seus óculos redondos idiotas. Como se fosse adiantar.

Mais uma vez brigando com a cama, quando percebo um barulho me incomodando...despertador? Só pode ta quebrado, isso é hora dessa merda tocar?. Tiro o lençol da cara e o sol queima minhas vistas por um instante. Não é possível, olho pro relógio e já são 6 horas. Será que eu dormir? Quanto tempo? Me levanto como um zumbi pra começar mais uma semana